Fidalgo: (…)
Venha a prancha e o atavio;
Levai-me desta ribeira.
Anjo:
Nam vindes vós de maneira
pêra entrar neste navio.
Ess’ outro vai mais vazio,
a cadeira entrará,
e o rabo caberá
e todo o vosso senhorio.
Gil Vicente, "Barca do Inferno"
Pela Idade Média, e mais ainda para a frente, ter um cadeira era sinal de prestígio. Nem todas as classes tinham acesso à cadeira. Na "Barca do Inferno" o Fidalgo fica a saber que poderá levar a cadeira com ele na embarcação para o inferno.
Hoje, cadeiras há muitas, assim como cátedras, palavra-mãe de cadeira(s). A produção e reprodução do plástico permitiu a sua acumulação e desvalorização.
E fica o ritual do empilhamento das cadeiras, quando restaurantes, cafés e pastelarias fecham até ao dia seguinte.