domingo, outubro 23, 2005

Arcas e baús

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baú de Fernando Pessoa

Uma arca, ou um baú, é uma caixa de madeira, geralmente, que serve para guardar coisas. Coisas que se querem preservar pela sua importância, pelo seu valor. Os tesouros dos piratas eram guardados em baús, as toalhas e os melhores lençóis de linho também podem ser guardados em baús.
A palavra arca tem uma conotação diferente, evoca mais um sentimento de abrigo e protecção, como a arca de Noé para a salvação das espécies. Muitas arcas são feitas de madeiras preciosas, que não só conservam o conteúdo como repelem a bicharada – as arcas de sândalo, palavra cuja sonoridade tem sabor a longínquo, a exótico, como esta madeira. Por vezes são revestidas de couro. Aquilino Ribeiro tem uma série de histórias sobre o funcionamento de certas coisas num livro chamado “Arcas Encoiradas”, uma expressão popular para designar o que é guardado por muito tempo ao sabor do pó.

Se a palavra baú parece masculina, arca parece feminina. O A é uma vogal mais feminina e o U é mais masculina. A arca d’água é uma mãe de água. Por isso associo a estes contentores uma afirmação de Natália Correia:
«É tempo de abrirmos a arca da cultura que nos é congénita, fazendo falar os símbolos de uma ruralidade que nos desvenda a razão de sermos uma cultura predominantemente fêmea»
(sublinhado meu)

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