quarta-feira, outubro 26, 2005

a dança das cadeiras

Fidalgo: (…)
Venha a prancha e o atavio;
Levai-me desta ribeira.

Anjo:
Nam vindes vós de maneira
pêra entrar neste navio.
Ess’ outro vai mais vazio,
a cadeira entrará,
e o rabo caberá
e todo o vosso senhorio.

Gil Vicente, "Barca do Inferno"



Pela Idade Média, e mais ainda para a frente, ter um cadeira era sinal de prestígio. Nem todas as classes tinham acesso à cadeira. Na "Barca do Inferno" o Fidalgo fica a saber que poderá levar a cadeira com ele na embarcação para o inferno.
Hoje, cadeiras há muitas, assim como cátedras, palavra-mãe de cadeira(s). A produção e reprodução do plástico permitiu a sua acumulação e desvalorização.
E fica o ritual do empilhamento das cadeiras, quando restaurantes, cafés e pastelarias fecham até ao dia seguinte.
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1 Comentários:

Às 12:16 PM , Blogger Sara Figueiredo Costa disse...

E ainda há os cafés que as prendem umas às outras com correntes, já depois de empilhadas. Não vão elas usar as quatro pernas para fugir...

 

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