O autor da fotografia do menino com o cravo na G3

Orgulhava-se de ser filiado no Partido Comunista e, quando viveu em Paris nos anos sessenta, onde trabalhou para a Elle, terá ficado sem o dedo mínimo da mão esquerda, por razões que só ele sabia. Aí frequentou o atelier de Fernand Léger.
Dizia-me que tinha ganho algum dinheiro com essa fotografia reproduzida em vários países, mas depois perdeu o controle, apesar das suas dificuldades económicas.
Perguntei-lhe como a tinha a feito e lembro-me de ele me contar que, no dia 25, pegou no filho do Pedro Bandeira Freire, que na altura teria dois ou três anos, e foi com ele ao aerporto da Portela para fazer a célebre fotografia. Pediu a três soldados da Marinha da Força Aérea e do Exército para segurarem na arma, e click com a Nickon.
«Parece que o miúdo está a colocar o cravo na G3, mas não, ele está esticado para tirar o cravo que eu lá pus em cima»- contou-me.
