o funcionamentos de certas sátiras

No fundo todos se riam de si próprios.
Rimo-nos dos outros, daquelas pequenas partes que não aceitamos em nós e colocamos noutros corpos, noutras almas.
Aquelas eram sátiras dos tempos e dos tipos, dos gajos e gajas que se topavam à légua, bastava só nomeá-los.
A sátira demorou-se ainda mais em Tolentino e serviu a Bocage para esparramar a sua rebeldia - alguma de fazer corar um libertino - no soneto e na glosa, para depois passar por Eça - que é mais prosa - e se junqueirar nos entretantos, até seguir O’Neill que inverte os prantos de certo Portugal cabisbaixo. Depois ficou-se por Natália, correia de transmissão dos costumes castigados e das pessoas – mesmo que deputados. Valeram-lhe os versos atrevidos, de jocosa risadilha, ainda que por vezes mal medidos. Fora disso, apenas certa mestria mostra o desdém pelos visados, quando a graça de Moura se mostra em versos apontados.
Agora o problema para satirizar é a escassez de tipos característicos, só porque as pessoas, as coisas e os automóveis sofrem da tendência para a padronização global, e lá se vai a identidade que tanta sátira gerou.
A sátira demorou-se ainda mais em Tolentino e serviu a Bocage para esparramar a sua rebeldia - alguma de fazer corar um libertino - no soneto e na glosa, para depois passar por Eça - que é mais prosa - e se junqueirar nos entretantos, até seguir O’Neill que inverte os prantos de certo Portugal cabisbaixo. Depois ficou-se por Natália, correia de transmissão dos costumes castigados e das pessoas – mesmo que deputados. Valeram-lhe os versos atrevidos, de jocosa risadilha, ainda que por vezes mal medidos. Fora disso, apenas certa mestria mostra o desdém pelos visados, quando a graça de Moura se mostra em versos apontados.
Agora o problema para satirizar é a escassez de tipos característicos, só porque as pessoas, as coisas e os automóveis sofrem da tendência para a padronização global, e lá se vai a identidade que tanta sátira gerou.
Mas a sátira vive do efémero e a pergunta é sempre a mesma: o que é que vai ficar?