a farda de cáqui
imortalidade
Esta fotografia é tirada em Vila Nova de Ficalho, em 26 de Julho de 1935. Assim se lê no verso. O cenário é uma pintura decorativa, representando um caminho com flores à volta. Servia para qualquer fotografia, independentemente da diferença de escala provocada pela proximidade ou afastamento do modelo em relação a esse mesmo cenário.
No meu primeiro olhar, o homem parecia-me um militar da GNR. Mas não, é um guarda fiscal. Provavelmente não será da terra, porque os guardas fiscais nunca eram das terras onde prestavam serviço. Lembro-me de um que encontrei, uma vez, em Rio de Onor, nos anos setenta. Maldizia o isolamento e a distância. E lembro-me de outro ainda, virtual, o guarda Robalo, do conto “Fronteira” de Miguel Torga. Esse é que não era da terra, mas envolveu-se de tal maneira com Isabel, uma contrabandista daquela povoação, que se passou para outro lado, o dos contrabandistas. Encontrou o amor, venceu o isolamento, integrou outro espaço.
E com isto Torga escreveu um conto de mestria.
Este homem está com ar sério e em pose. Olha com determinação, sente que está a ser fotografado e fecha os olhos no momento do disparo, conforme verifiquei quando fiz zoom. Vai enviar a imagem a alguém, a imagem irá em vez dele.
Passo esta fotografia pelo scanner e submeto-a ao album das imagens. Coloco-a num draft e depois...publishing! Aqui está.
Observo o modelo: boca fria e fina, por baixo de um nariz recto e olhos olheirentos. Vejo-lhe o corpo rígido, numa farda feita de cáqui, um tecido para muito durar e resistir, quase tão resistente como a ganga original americana. Espada à cinta.
Já terá morrido, este homem? Mas vive agora mesmo, nesta imortalidade que pode ser vista em qualquer parte do mundo.
No meu primeiro olhar, o homem parecia-me um militar da GNR. Mas não, é um guarda fiscal. Provavelmente não será da terra, porque os guardas fiscais nunca eram das terras onde prestavam serviço. Lembro-me de um que encontrei, uma vez, em Rio de Onor, nos anos setenta. Maldizia o isolamento e a distância. E lembro-me de outro ainda, virtual, o guarda Robalo, do conto “Fronteira” de Miguel Torga. Esse é que não era da terra, mas envolveu-se de tal maneira com Isabel, uma contrabandista daquela povoação, que se passou para outro lado, o dos contrabandistas. Encontrou o amor, venceu o isolamento, integrou outro espaço.
E com isto Torga escreveu um conto de mestria.
Este homem está com ar sério e em pose. Olha com determinação, sente que está a ser fotografado e fecha os olhos no momento do disparo, conforme verifiquei quando fiz zoom. Vai enviar a imagem a alguém, a imagem irá em vez dele.
Passo esta fotografia pelo scanner e submeto-a ao album das imagens. Coloco-a num draft e depois...publishing! Aqui está.
Observo o modelo: boca fria e fina, por baixo de um nariz recto e olhos olheirentos. Vejo-lhe o corpo rígido, numa farda feita de cáqui, um tecido para muito durar e resistir, quase tão resistente como a ganga original americana. Espada à cinta.
Já terá morrido, este homem? Mas vive agora mesmo, nesta imortalidade que pode ser vista em qualquer parte do mundo.
3 Comentários:
Vila Nova de Ficalho??
Meu caro amigo não será Vila Verde de Ficalho ou Vila Nova de S.Bento??
Anyways... gostei da ideia da imortalidade...
Caqui não é um tecido mas sim uma cor… Aquela que vulgarmente chamamos “verde tropa” (apesar de não ser propriamente verde). As fardas da guarda fiscal e da GNR na época eram cinzentas…
obrigado.
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