Autoclismos III
as bóias
1. Quando descobri um Kit que substituía o sistema interno de bóia com esferovite, senti-me, por minutos, um pouco defraudado, pois acreditei que toda a minha teoria tinha sido descoberta em vão, tal como as horas de observação do respectivo funcionamento. A tecnologia, por vezes, ultrapassa-nos enquanto criadores de novas maneiras, fragiliza e desencanta o homem, quando acredita na sua capacidade ser o único inventor.
Há quem diga que as grandes feridas narcísicas da cultura ocidental começaram com Galileu – a terra não é o centro do mundo –, seguiu-se Darwin – o homem não descende de Adão e Eva, mas sim de “macacos” –, e depois Freud – o inconsciente existe. As tecnologias da informação vêm ferir também o narcisismo, na medida em que transmitem ao homem a sua incapacidade de controlar aquilo que produz. É o que nos mostra Kubrick, em “2001, Odisseia no Espaço”, passe o velho exemplo. Ao mesmo tempo, esta tecnologia aglutina o ser humano, ao dizer-lhe que há verdades válidas para os quatro cantos do mundo e não apenas para a Europa Ocidental. Esta concepção globalizante, em devido tempo sinalizada por Mcluhan, coloca-nos a questão da análise do texto poético em função do local e da cultura onde ele é produzido. Como lidar com um etnocentrismo que sempre nos tem acompanhado, já que abdicação consciente desta premissa, implica a aceitação do outro e dos outros? Afinal trata-se da difícil aceitação das diferenças e da deslocação da autoridade para diferentes espaços.
2. Ao fim de alguma observação do funcionamento de vários autoclismos, chego à conclusão de que o meu conhecimento sobre este aparelho é muito limitado. De facto, quando começamos a ter dúvidas sobre as coisas é um sinal que já sabemos alguma coisa. Porque quem disser que sabe tudo engana-se. Uma coisa é certa – a experiência, ainda que insuficiente para perceber as coisas - é a «madre de todalas cousas.» Mas é uma longevidade relativa (pode atingir-se a longevidade aos vinte e cinco anos...por exemplo) que nos permite a compreensão e a vivência da efemeridade, porque toda a inovação tecnológica é efémera, como as bóias dos autoclismos.
2. Ao fim de alguma observação do funcionamento de vários autoclismos, chego à conclusão de que o meu conhecimento sobre este aparelho é muito limitado. De facto, quando começamos a ter dúvidas sobre as coisas é um sinal que já sabemos alguma coisa. Porque quem disser que sabe tudo engana-se. Uma coisa é certa – a experiência, ainda que insuficiente para perceber as coisas - é a «madre de todalas cousas.» Mas é uma longevidade relativa (pode atingir-se a longevidade aos vinte e cinco anos...por exemplo) que nos permite a compreensão e a vivência da efemeridade, porque toda a inovação tecnológica é efémera, como as bóias dos autoclismos.
1 Comentários:
Encha uma garrafa de litro e meio de água e coloque-a dentro do depósito do Autoclismo. Nem imagina a água que poupa!
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial