A forma e a localização dos comércios
1. O comércio local de certas zonas da cidade, o comércio de bairro, tenta resistir à padronização do franchising. Por pouco tempo. Não é pela qualidade dos produtos, não, é mais na relação entre as pessoas, na relação vendedor comprador. Isto tende a transformar-se, e o privado, às vezes, fica com sabor a público, onde as pessoas são tratadas como utentes desses serviços. Por exemplo, a farmácia onde muita gente, sobretudo mais idosa, se dirige para comprar um medicamento, desabafar, e até para terem consulta gratuita através do conselho do farmacêutico, tende a desaparecer. Hoje entrei numa farmácia de bairro onde, como nas outras, era preciso tirar um senha que numerava a vez de atendimento. Até aqui tudo bem. Mas não é que introduziram uma modalidade absolutamente desnecessária?! Fizeram pequenos balcões e cada senha aparece num visor com o número do balcão de atendimento. Tal qual a Caixa Geral de Depósitos. Não era preciso tanto, conheço muito bem essa farmácia e ela funcionava como deve ser, sem essa treta dos balcõezinhos a armar aos cucos. Depois as relações tornam-se impessoais e frias, num princípio da destruição dos afectos. É também a revelação da ignorância sobre a componente histórica das boticas e dos boticários, esquecida que foi a negação do ócio - o verdadeiro negócio - nec ocio, enfim, a veniaga de que falava Fernão Mendes Pinto. Só se podem fazer boas transformações quando se integram as mudanças numa tradição histórico-cultural.
2. De resto, a relação de oferta e procura determina o modo de atendimento. Por exemplo, numa papelaria que tem tudo e mais alguma coisa, as pessoas são mal atendidas, porque nessa zona a papelaria presta um serviço público muito especial e, que remédio, a população local tem de ir lá, caso contrário terá de se deslocar à baixa de Lisboa ou dirigir-se a um centro comercial só para comprar uma simples caixinha de pionaises.
3. Quanto às formas de atendimento, há muitos factores condicionantes que não se resumem apenas ao norte e ao sul, sendo o do norte, nomeadamente o do Porto, fruto de uma tradição com forte marca do colonizador Britânico, enquanto o outro se centraliza numa certa Lisboa francesa. Ultrapassando o perigo das generalizações, poderíamos dizer com Napoleão «Inglaterra é uma nação de shopkeepers» e entrar numa sucessão de contrários do tipo França-Inglaterra, Norte-Sul...
Quantas vezes, para nos tranquilizarmos, vestimos as coisas de preto e branco?
2. De resto, a relação de oferta e procura determina o modo de atendimento. Por exemplo, numa papelaria que tem tudo e mais alguma coisa, as pessoas são mal atendidas, porque nessa zona a papelaria presta um serviço público muito especial e, que remédio, a população local tem de ir lá, caso contrário terá de se deslocar à baixa de Lisboa ou dirigir-se a um centro comercial só para comprar uma simples caixinha de pionaises.
3. Quanto às formas de atendimento, há muitos factores condicionantes que não se resumem apenas ao norte e ao sul, sendo o do norte, nomeadamente o do Porto, fruto de uma tradição com forte marca do colonizador Britânico, enquanto o outro se centraliza numa certa Lisboa francesa. Ultrapassando o perigo das generalizações, poderíamos dizer com Napoleão «Inglaterra é uma nação de shopkeepers» e entrar numa sucessão de contrários do tipo França-Inglaterra, Norte-Sul...
Quantas vezes, para nos tranquilizarmos, vestimos as coisas de preto e branco?
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