Recortes do Tempo
Gosto de explicar aquilo que faço, gosto de explicar o funcionamento de certas coisas, como é o caso deste trabalho.
Esta série de recortes foi feita recentemente. Mas a base de onde recortei as imagens foi executada há muito tempo. Era uma placa de cartão onde eu jogava com os efeitos de atracção e repulsa entre a tinta de água e a tinta de esmalte. Ao longo dos anos, a minha pintura, e expressão plástica em geral, foi diminuindo a dimensão até criar ambientes intimistas. É o que eu pretendo quando coloco esta pintura em caixas que abrigam visões e memórias de montanhas. Assim, a partir de uma expressão gestual (feita na placa de cartão, há muitos anos) fui tentando uma figuração mais racionalizada e menos impetuosa, conjugando também estes contrários, tal como aconteceu com os materiais.
(Há coisas para as quais encontramos uma explicação, há outras cujo funcionamento é visto com mais nitidez por outros, aqueles que estão de fora, para que se evite a coincidência do sujeito com o objecto. Isto acontece também nos comportamentos. Às vezes temos tiques de que não nos apercebemos. Às vezes nem sequer temos consciência de que coxeamos, é preciso que alguém, fora de nós, nos faça constatar esta evidência.)
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