o funcionanto da máquina de lavar, para não perder o fio à meada
A Margueritta, a máquina de lavar da família Ariston, não trabalha.
Calou-se, perdeu o ritmo e a relação do funcionamento, e da funcionalidade.
É um desespero esta interrogação das máquinas, das suas componentes.
O que se passa?
E a máquina muda, sem reacções, como se fosse uma pessoa caprichosa que nos prega as suas maquiavélicas partidas.
- Chama-se um técnico, um médico de máquinas, alguém que lhe entenda os sintomas e que lhe neutralize a birra.
- Devia ser castigada esta máquina, tanto tempo a portar-se bem, e agora isto.
- Por quanto tempo, ainda, a condescendência com a Margueritta Ariston?
Dois dias depois, lá veio o técnico a casa, olhou-a, ouviu-lhe os sintomas e não hesitou: é a correia. Abriu a máquina por trás, era de facto a correia, que tinha saltado, devido a inadvertências no seu uso. É assim a máquina, não perdoa falhas, como o tempo não lhe perdoa a ela.
E lá passou a trabalhar, apesar de um ruído um pouco estranho.
A adaptação à correia nova ou o aparecimento de um novo mal?
Vivemos nesta incerteza, dependentes de caprichos gratuitos, de premonições, de destinos.
E de nós próprios, num sistema de interdependências e ligações a que já nos habituamos ao longo dos milénios, sem as interrogar.
Como uma correia de ventoinha de um automóvel, usada para a ventilação, a correia na máquina de lavar vai fazer girar um tambor, onde a roupa dança e onde é depois centrifugada, empurrada para fora a roupa a tal velocidade que a água não a pode acompanhar. E a roupa fica sem água, isto é, seca. Quase.
Se a correia estiver lassa, pode saltar. E se saltar o movimento circular não é transmitido. E também pode partir, a correia, por alguma razão.
Quando comecei a investigar o funcionamento dos autoclismos, e da energia, senti uma certa tranquilidade ao descobrir a lógica que determinava os movimentos. Até chegar à questão básica motor de todos as coisas – a energia, e o confronto com o óbvio, e o mistério último da descoberta do primeiro motor.
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