mário                                                             a Mário Viegas
                                                                                  em 1 de Abril de 1996
estou ouvindo a tua voz, mário 
aquela voz produzida numa estrada, tão clara
a voz que não deu tréguas ao mau gosto 
ao impropério encenado
viegas exilado no tempo e no espaço
confiante no sorriso e no abraço
uma divisa ou galão 
quando alferes apareceste numa tela
fardado a militar pelo poema
eu queria agradecer-te, mário
a inteligência das palavras que me deste
pobre rei dom joão sexto 
que nem sequer no palco foi  neutral
na garganta  no olhar  no movimento controlado
espontânea e falsamente natural 
é a coragem de dizer e ser desdito
por quem te viu alguma vez naquela sala 
do púlpito falando a toda a gente 
fazendo dos sons um grito rouco
sem o temor de ser o mau da fita
tu é que sabias, mário-mário,
que a força das palavras que usavas
dava vida à morte dos poetas 
candidatos a essa eternidade
na lucidez excessiva dos teus gestos
tu é que sabias, mário.
António Ferra
António Ferra



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