segunda-feira, julho 09, 2012

Açougue de Amadeu Baptista


















Em 2008, foi publicado na Galiza, edição Espiral Maior, o livro Açougue, poemas de Amadeu Baptista. A obra tinha sido vencedora do prémio de poesia com o mesmo nome, Espiral Maior.

Açougue, é agora publicado em edição portuguesa pela &etc, que conta com outros títulos do autor, nomeadamente “Os selos da Lituânia” – prémio Edmundo Bettencourt (ex aequo), Funchal, 2008 - e “O Ano da Morte de José Saramago”.

O primeiro poema desta obra refere-se à data de nascimento de Amadeu, 1953, e por aí segue o livro, cada ano dando título ao respectivo poema, até 2012. A edição galega, claro, terminava em 2008, com um poema dedicado a Baptista-Bastos, onde se lê nos últimos versos

(…)

O que escrevo é só um tempo breve,

em que os mortos e os vivos se procuram

para que haja testemunho e não seja longa a espera

do fim que há em tudo. Ah, que quem venha

a seguir não esqueça o que é o norte,

e onde fica


Esta mesma composição inicia-se com os versos:

Sou um homem do norte e um homem do norte

continuarei a ser até que a morte me separe.

(…)

Mas o norte com que termina é ainda outro norte, um norte mais abrangente, no sentido de destino e de orientação. De resto, o livro contém um itinerário datado, onde as raízes de Amadeu são ostensivamente visíveis.
Nos poemas acrescentados à edição original, datados a partir de 2009, é de salientar a mesma dimensão cósmica, com o poema dedicado à memória Rogério Ribeiro, não inédito, publicado com o título «Constelação», num catálogo do pintor em 2007. Amadeu Baptista tem ligações significativas com a obra plástica de Rogério Ribeiro, com quem já publicara textos seus em «O som do vermelho».
Esta edição de Açougue – esse lugar de sonoridade árabe que vai de talho a matadouro - termina com 2012 : «a morte reclama-me a uma velocidade feroz», experiência vivida paralela a outras vivências que fazem de Miragaia ou Francelos lugares universais, onde também «nenhuma morte é legítima».



















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