sexta-feira, janeiro 06, 2006

Sem imagem



A insuficiência das palavras

Sento-me junto à janela envidraçada e olho a porta em frente, talvez de madeira de castanho, pintada de um verde pardo, recentemente. Alguém parece ter querido conservá-la. Está emoldurada por uma cercadura da pedra calcária, aquela pedra que parece gasta com os séculos. Na parte superior, até quarenta centímetros que acompanham uma bandeira de vidro, a cercadura é discretamente trabalhada, sem qualquer exuberância barroca. Apenas uma dobra de pano simulada na pedra. A porta tem almofadas na metade superior e na inferior, sendo as de cima mais pequenas. Neste intervalo, dos dois lados, sobre vidro escurecido, há uma protecção decorativa em grades de ferro pintadas de prateado, desenhadas em arabescos simétricos, fazendo aquelas linhas curvas em forma de borboleta.
Toda a frontaria que circunda a porta é revestida de azulejos, numa repetição infinita de pequenas cruzes verdes, simulando trepadeira quadriculada e, no centro, uma flor do mesmo verde recortada no perímetro. Tudo sobre um fundo branco baço, ligeiramente envelhecido.
Perco-me a olhar a porta, sentado neste pequenísimo café.

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