quarta-feira, dezembro 21, 2005

tamanho natural

1.
Há anos vi um filme com o Michel Piccoli, chamado «Tamanho Natural». Ele fazia o papel de um dentista que tinha mandado vir do Japão uma boneca de poliéster, creio, em tamanho natural. Já pouco me recordo do filme, mas uma coisa é certa, ele atribuía particularidades humanas à boneca. Vestia-a, embelezava-a, e até lhe comprou lingerie erótica. Era casado e acabou por se divorciar. A boneca serviu para o autor do filme falar das relações homem-mulher, das relações humanas. Lembro-me de que, uma vez, a boneca foi roubada e levada por uns homens para sítios escusos onde foi violada e atirada pelos ares. Quando o dentista a encontrou ralhou com ela e houve uma cena “conjugal” melodramática. Não me lembro de mais nada.
2.
A propósito de «O funcionamento de certas coisas», tenho vindo a falar nos mecanismos de projecção, isto é um manequim não serve apenas para trazer a roupa que lhe colocamos sobre o corpo, serve também para nele projectarmos os sentimentos, geralmente de modo inconsciente. O mesmo se passa com outras imagens. Tenho pretendido reflectir, dentro da blogosfera, como funcionam as imagens, a duas ou a três dimensões.
A capacidade que uma obra de arte tem de evocar a singularidade das projecções vai enriquecer essa mesma obra de arte. É a conotçaão e a plurisignificação onde se aloja a liberdade da fantasia. Quem não fantasia pode morrer por falta de sonho.

3.
Por muito belos que sejam os manequins eles não estão aqui apenas por razões estéticas. Intrometeram-se no blog e têm querido permanecer e exibir-se. E eu permito-lhes a intromissão, porque sei que é por uma boa causa: o funcionamento destas coisas.

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