segunda-feira, junho 02, 2008

Yves Saint Laurent















Yves Saint Laurent, forever


As luzes se fecharam, como outras portas
em certíssimas noites de Paris,
Claudia Shiffer e a tantas outras
já sem o nome que vem dele,
um gesto quase negro, Naomi
passando a seda, o cetim de Campbel

(são pintores que lanças em Matisse
de roupa desenhada junto à pele
na transparência da música, roxos acessórios
do estilo, o traço idêntico abrindo o corpo a quem disse
é quase o fim da moda, antemanhã)

Mais do que uma cor é o manequim
que no modelo transportado o seio aberto leva
a ti, a ele, a outros, Yves Saint Laurent
no fundo do manto rosa que dizem ser forever.

É a dita beleza sublime do padrão ocidental
etnia multiplicada sobre a pele
renda preta sempre de ti na passerelle,
imitando o próprio traje no perfume global.

E uma voz canta em fundo: summertime...
não importa a estação do ano, a primavera-verão
maculada em minha noite onde filtro o encanto da soprano
comovendo a medo Yves Saint Laurent.

A elegância deixa ver o rosto, a maquillage
no atelier de altíssima costura,
tudo se fez preto, excepto os lábios
vermelhos, tão vermelhos na postura,
cabeças loiras ou rapadas a sorrir azul.

Que resistência esta de lutar e de existir
como concerto em Sarajevo, mesmo assim,
marcada a roupa, o trapo-arte na efémera atitude,
quando tudo pode viajar além do sangue, além da guerra
quando o braço direito paralisa o criador em cena
e se abandona ao cântico que Deneuve encerra!

inédito, 2002

1 Comentários:

Às 11:26 PM , Blogger Júlio Pêgo disse...

Tudo personagens de primeira água, de encanto e sedução bem vestidas à memória de I.S.L. Arrojado poema de A. Ferra onde não é neccessário palavra de passe, para se poder saborear...
Júlio

 

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