Yves Saint Laurent
Yves Saint Laurent, forever
As luzes se fecharam, como outras portas
em certíssimas noites de Paris,
As luzes se fecharam, como outras portas
em certíssimas noites de Paris,
Claudia Shiffer e a tantas outras
já sem o nome que vem dele,
um gesto quase negro, Naomi
passando a seda, o cetim de Campbel
já sem o nome que vem dele,
um gesto quase negro, Naomi
passando a seda, o cetim de Campbel
(são pintores que lanças em Matisse
de roupa desenhada junto à pele
na transparência da música, roxos acessórios
do estilo, o traço idêntico abrindo o corpo a quem disse
é quase o fim da moda, antemanhã)
Mais do que uma cor é o manequim
que no modelo transportado o seio aberto leva
a ti, a ele, a outros, Yves Saint Laurent
no fundo do manto rosa que dizem ser forever.
É a dita beleza sublime do padrão ocidental
etnia multiplicada sobre a pele
renda preta sempre de ti na passerelle,
imitando o próprio traje no perfume global.
E uma voz canta em fundo: summertime...
não importa a estação do ano, a primavera-verão
maculada em minha noite onde filtro o encanto da soprano
comovendo a medo Yves Saint Laurent.
A elegância deixa ver o rosto, a maquillage
no atelier de altíssima costura,
tudo se fez preto, excepto os lábios
vermelhos, tão vermelhos na postura,
cabeças loiras ou rapadas a sorrir azul.
Que resistência esta de lutar e de existir
como concerto em Sarajevo, mesmo assim,
marcada a roupa, o trapo-arte na efémera atitude,
quando tudo pode viajar além do sangue, além da guerra
quando o braço direito paralisa o criador em cena
e se abandona ao cântico que Deneuve encerra!
inédito, 2002
1 Comentários:
Tudo personagens de primeira água, de encanto e sedução bem vestidas à memória de I.S.L. Arrojado poema de A. Ferra onde não é neccessário palavra de passe, para se poder saborear...
Júlio
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