terça-feira, abril 06, 2010

O funcionamento de certos livros




















João,
Lá acabei por comprar o livro do figurão do Pacheco. Pelos tais quinze euros, numa dita feira do livro de metro, estação do Saldanha. Ainda lá ficaram quatro ou cinco. Os outros da mesma colecção custavam dois euros e meio. Eles sabem muito, ou sabem aquilo que têm de saber. Mas ainda bem, desta série de escritos tenho os Exercícios de Estilo, Literatura Comestível e Textos Malditos. Também tenho outras coisas, como a Comunidade, e acho mesmo que perdi aquela edição tipo plaquette (plaqueta, como escreve o LP) do Libertino passeia por Braga. Que se lixe, tenho o mesmo texto nos Textos Malditos, da saudosa Afrodite, com belas ilustrações do Henrique Manuel. Esta edição tem piada também pela capa, o autor, André Carrilho, é um belíssimo caricaturista e agora faz uns vídeos muito bem esgalhados.
A propósito disto, lembrei-me agora que, há dias, dizias que muitos livreiros se queixavam dessas vendas a granel que lhes andam a lixar o negócio. É assim o funcionamento, ainda há uns tempos pus no blog uma coisa de Inglaterra, bookshop keepers a queixarem-se das organizações humanitárias (como Oxfam) que os tramavam com o regime second hand. Mas aqui não é a mesma coisa, há mais oportunismo a fazer pela vidinha e, claro, a bolsa do leitor agradece, nas profundíssimas tintas para a moralidade do comércio.
De resto, estou deliciado com a leitura (e releitura), há lá muita coisa que eu não conhecia, tem ensaios críticos fabulosos que vale a pena ler, como "Uma Voz calmante: Natália Correia", "O equívoco do B.-B", "Jorge de Sena em Órbita" ou "Meio Século de Surreal em Portugal", entre muitos outros. Falo destes porque sei alguma coisa do que se passou com o surrealismo por cá.
Bem, fico por aqui, até para a outra semana, que nesta não me dá jeito ir aí na quinta-feira, tenho de ir outra vez ao dentista. Na outra abre a minha exposição Ur Banismos, mas é na terça-feira.
Abraço
AF
PS - Não podia deixar também de te dizer que já faz parte do meu acervo o valiosíssimo volume Luís Pacheco versus Contraponto, espécie de catálogo editado pela D. Quixote e Biblioteca Nacional, em finais de 2009. Uma obrigação para pachecófilos.

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