segunda-feira, dezembro 24, 2007

o azul do quiosque




















O quiosque situado em frente do Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, é uma cabana azul forrada com jornais e revistas. Funciona como uma espécie de observatório do consumo, segundo o dono, que se queixa da baixa das vendas. Diz que se vendem menos jornais e revistas, porque não são artigos de primeira necessidade, lamentando a concorrência – cerca de dez postos de venda dos mesmos produtos ali nas redondezas – e o desinteresse pelo papel impresso motivado, segundo ele, pela perda do poder de compra, pelo excesso de jornais gratuitos e pela informação veiculada pela internet, jornais on line incluídos.
Continua a defender que é importante para o leitor sentar-se confortavelmente para manusear o papel. Mas acha que agora ainda vai ser pior, porque se vai perdendo, cada vez mais, o hábito de ir para uma mesa de café ler o jornal, tomar um café e fumar um cigarro do pouco tabaco que ainda vende.
Uma coisa ninguém lhe pode tirar: a simpatia e a boa disposição com que atende os clientes. A maior parte fieis à casinha azul, onde com ele trocam os comentários sobre futebol entre os fait divers que por ali circulam com a sua piada de circunstância.
Situado em Benfica, mas portista militante de raiz, o nosso amigo (que me pede um anonimato quase impossível) possui um notável fair play com os mais directos adversários desportivos, a maior parte dos seus clientes, afinal, a quem mostra com um sorriso a sua pronúncia do norte. Ali, as picardias clubísticas são inofensivas e cheias de bom humor.
É de lá ir, é de lá ir e tornar-se habitué, não se paga mais por isso.


2 Comentários:

Às 10:14 AM , Blogger dora disse...

: )
moro pertissímo. O bom é que nem tenho de sair do carro e compro-lhe o jornal pela janela aberta, quando saio de manhã. Que se mantenha azul ( como o seu Porto, aquele sotaque incrível em voz alta e o bigode : )

 
Às 11:23 PM , Blogger Júlio Pêgo disse...

Seria interessante mostrar este quiosque ao Jacinto Luís, pois como sabemos foi o pintor que mais os divulgou. Muita gente pensa que foi a Maluda...
Júlio

 

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